Dicas de Escalada: Porque ficar forte se você pode ficar melhor?

12 09 2013

Hoje eu li um dos melhores artigos que já havia lido sobre treinamento em escalada. Ele pega bem no calcanhar de aquiles de quase todo mundo que eu conheço. São amigos que fazem 6° grau se fudendo horrores mas toda semana tão lá treinando no Campus do CUME. Um texto bem esclarecedor sobre a diferença entre “ser forte” e “ser bom escalador”. Amazing, parei tudo que eu estava fazendo e tive que traduzir aqui imediatamente pois realmente é tudo o que todo mundo ta precisando ver e ouvir. E fica a dica para os que estão começando! Saiu na Rock & Ice, conceituada revista americana, e foi escrito pelo Andrew Bisharat, que tem o site Evening Sends, o qual tem artigos muito bons.

Beto na "Quebra da Barreira da Ilusão" - Projeto (cuscuzeiro)

Beto na “Quebra da Barreira da Ilusão” – Projeto (cuscuzeiro)

Ser bom na escalada tem a ver com aprender a técnica apropriada e reforça-la para que se torne natural. A longo prazo, técnica lhe fará evoluir muito mais do que costas e antebraços fortes e uma pegada de Chimpanzé. Mesmo assim a maioria dos escaladores estão superfocados em tentar ficar mais fortes todo o tempo às custas de não aprender boa técnica.

Emily Harrington, que já escalou vários ônzimos graus tanto quando estava em boa forma quanto quando nem tanto, reconhece a relevância superlativa da técnica apropriada. Emily escala há 13 anos, tendo superado as tais 10.000 horas mínimas necessárias para que uma pessoa supostamente seja boa numa coisa. Como resultado, ela acredita que não importa em qual forma ela esteja, ela sempre vai conseguir escalar no mínimo um oitavo grau ao longo de sua vida.

Se você sabe como mexer seu corpo, você deveria conseguir escalar oitavo grau, Emily diz, não importa quão forte você seja.

Isso pode parecer surpreendente para escaladores por aí que tem no oitavo grau como o objetivus maximus em sua escalada ao longo de sua via, mas a questão não é que um oitavo grau é facil, em vez disso, que a boa técnica afinada através de muitas horas de prática dura muito mais que seu estado momentâneo (força e forma). O Problema é que é mais fácil ficar mais forte do que ficar melhor. Qualquer um pode ir pra academia e fazer um milhão de repetições ou escalar mil problemas de boulder e sentir que está o mais forte que já esteve algum dia. Treinar com o intuito de desenvolver sua técnica é muito mais cerebral, requer um certo grau de consciência sobre o que você está fazendo. Isso porque boa técnica é uma questão de sintonizar movimentos, coordenar os membros superiores e inferiores e manter a atenção no quanto de esforço você está fazendo a ponto daquilo se tornar natural. Os melhores escaladores não estão pensando no que eles tem que fazer, eles simplesmente fazem a coisa certa. Essa é a arte da escalada.

Isabela na "Cactus now" - 7c (Cuscuzeiro)

Isabela na “Cactus now” – 7c (Cuscuzeiro)

O aperfeiçoamento na técnica de alguém é muito menos tangível: mais difícil de medir ou demonstrar. Por isso também pode ser difícil chegar no lugar onde vc treina e saber como se tornar um escalador melhor. Por isso aqui vão algumas dicas que você com certeza irá achar muito úteis:

Primeiro, seja bom: Muitos escaladores iniciantes e intermediários chegaram pra mim querendo saber como ficarem mais fortes mas eu nunca ouvi nenhum deles perguntar como se tornar um bom escalador. As duas coisas estão indubitavelmente relacionadas. Mas em vez de pular para o boulder ou via mais foda que você acha que consegue fazer, preocupe-se em fazer cadenas perfeitas de vias e boulders mais fáceis. Tente ser bom antes de tentar ser forte. Quão perfeitamente você consegue escalar alguma coisa?

Pés ruins: Problemas na academia tipicamente ficam mais difíceis conforme as agarras de mão ficam piores e mais longe entre si, enquanto que aqueles pézinhos são sempre bons. Mas se você puder marcar alguns boulders onde você treina, eu recomendo que coloque mãos decentes (viu shimoto?) e as piores, mais lisas e “difíceis-de-usar” agarras de pé que você encontrar. É pra elas serem ruins, mas não a ponto de você largar mão e fazer tudo a montê. Você quer que o foco esteja em usar seus pés adequadamente – que é o primeiro e mais duradouro passo no caminho para ser bom. Como um bônus, nada faz você ficar mais forte do que escalar em agarras de pé ruins.

Domine a “escalada de ladinho”: Uma das manobras mais úteis na escalada é a escalada de ladinho: tradução livre para Back-step. Nesta técnica você pisa com a parte de fora do seu pé direito na agarra e gira seus membros inferiores para que a direita do seu quadril fique junto à parede (e vice-versa). A maioria das pessoas escala de frente pra rocha, ou como diríamos, “de sapinho”, (ou frango assado) com suas mãos e pés como se estivessem subindo uma escada. Se você reparar, os melhores escaladores dificilmente estarão de frente pra parede: um lado ou outro da cintura está sempre girado mais próximo da parede, com a parte externa do pé virada pra parede. Além disso, tente fazer essas pisadas laterais mais rápido. Em vez de colocar o pé esquerdo na agarra, subir e trocar pelo pé direito na posição “back-step”, não perca tempo trocando pés; muitas vezes é melhor já cruzar a perna direita sobre o pé esquerdo e fazer diretamente o “Backstep”.

Genja fazendo o Backstep na "Chorrera Musical" 7a - Serra do Cipó, vale da Perseguida, G3

Genja fazendo o Backstep na “Chorrera Musical” 7a – Serra do Cipó, vale da Perseguida, G3

Fique em pé: Certeza que você já ouviu a dica: “mantenha os braços esticados!” É claro que se seus braços estivessem esticados todo o tempo você não conseguiria dobrá-los para se puxar pra cima. Quando estiver se sustentando nas agarras, na verdade é bom mantê-los esticados. Mas a segunda parte da dica que todo mundo esquece é como começar seu movimento para cima. Tipicamente iniciantes irão começar o movimento com seus braços pagando uma barra e travando no lugar com os pés bem baixos. Em vez disso, tente sempre começar seu movimento para cima com suas pernas! Mantenha os braços esticados e “alavanque-se” para cima fazendo força com seus pés. Eventualmente você terá que dobrar os braços, mas tente fazê-lo só depois que tiver começado o movimento pra cima com as pernas – mesmo que seja só um pouquinho. Ensine seu corpo a fazer isso escalando quartos e quintos graus na academia por exemplo. Pendure-se com os braços esticados e tente levar seu corpo pra cima o máximo que conseguir somente subindo os pés e usando os músculos das pernas para subir e ficar em pé em todas as agarras.

Use sapatilhas melhores: Iniciantes normalmente escolhem sapatilhas folgadas e confortáveis. Mas não importa qual grau você escale, eu recomendo que você tenha um para de sapatilhas boas, das mais profissionais, que sejam justas (Não necessariamente apertadas!). Sapatilhas melhores lhe dão muito mais precisão e trabalham melhor lhe permitindo usar todas as partes do seu pé. Esse é o único e exclusivo equipamento que pode realmente fazer a diferença em sua escalada! Tenha a melhor sapatilha que melhor lhe sirva que você conseguir encontrar.

Desenvolva seu próprio estilo: Algo que normalmente se perde quando os “experts” tentam ensinar os novatos a escalar é que não existe essa tal coisa de “um único e perfeito jeito” de escalar uma via ou problema de boulder. Não existem regras de rapidez ou dificuldade. Para alguns escaladores, a melhor solução para um problema de boulder ou crux de uma via será escalar rápido e dinamicamente – é possível que isso seja muito eficiente para ele/a. Outros podem achar que funciona melhor escalar mais devagar, mais estático e com mais controle. É aqui que a escalada se torna uma arte de auto-expressão. Lembre-se disso. David Graham, por exemplo, em suas clínicas de escalada, gasta um tempão ajudando as pessoas a desenvolver e descobrir seu próprio estilo colocando um grupo de pessoas para descobrir dois ou três betas que funcionem num dado problema de boulder. Tente escalar um problema de duas ou três maneiras. Veja qual é melhor pra você. Não tenha medo de experimentar. Talvez seja melhor mesmo dar um bote! Afinal, o melhor estilo é o que te leva pra cima com mais eficiência.

Evite lesões nos dedos: Você já percebeu que os escaladores tipicamente estouram um tendão dentro de seus primeiros 3 anos de escalada? Iniciantes tem a tendência de correr contra as graduações com rápidos ganhos de força, não técnica, o que cria uma falsa impressão de habilidade que os encoraja a escalar vias cada vez mais duras e regleteiras antes de que seus tendões estejam prontos para elas. Mesmo que já possa ter uma musculatura para tanto, construir e ampliar a resistência dos tendões para aguentar o stress de se pendurar em pequenas agarras demora bastante – as vezes três anos ou mais. Evite lesões nos dedos usando apenas a tal da pega primata – ou pega aberta – na resina sempre que possível. Ah, e também PARE de regletar antes que seus dedos fiquem inflamados. Eu sei: é mais fácil falar do que fazer.

Guilherme na "Manga com Leite" 6sup - Cuscuzeiro

Guilherme na “Manga com Leite” 6sup – Cuscuzeiro

Tenha uma Base: Dani Andrada, um dos melhores escaladores do mundo é conhecido por ter encadenado cinquenta 9c’s antes de sequer considerar entrar em um décimo grau. Mesmo que esses graus sejam meio “elitistas”, a regra ainda se aplica: Tome o tempo que for necessário para dominar os graus mais fáceis antes de seguir em frente. você mandou 50 7c’s antes de mandar um 8a?

Faça da escalada uma prática: Nós tentamos escalar nosso melhor toda vez que chegamos na academia de escalada ou no pico de escalada. Em vez disso, comece a pensar nas suas sessões de escalada como uma prática. Se você escala duas ou 3 vezes por semana, não se preocupe, a força virá. Mas agora, concentre-se em adquirir boa técnica.

Felipe num quinto grau com nome de menina (tipo Aline no país das Maravilhas) em Arcos (S2) - MG

Felipe num quinto grau com nome de menina (tipo Aline no país das Maravilhas) em Arcos (S2) – MG

Link para a publicação original:

http://www.rockandice.com/lates-news/free-climbing-tips-why-get-stronger-when-you-can-get-better

Tradução livre e versão Brasileira: Rodrigo Genja Chinaglia. Genja escala ha 9 anos, publica semanalmente em seu blog Enquantoissonaomuitolongedali e administra a loja virtual de equipamentos de escalada Quero Escalar. Curte corridas ao por do sol pelo cerrado e  piadas sem graça. Adora equipamentos de escalada e tem Transtorno Obsessivo Compulsivo quando vê alguém com a cadeirinha vestida ao contrário ou dando seg errado.





Verdades sobre o Campus Board

13 05 2013

Como os assíduos frequentadores das monitorias na caixa d’água já sabem, depois de um longo e tenebroso inverno o campus board do CUME está de volta! Deu um trabalhão, moçada. Foram meses de trabalho árduo e refinamento, e finalmente temos no CT do São Carlos Pression Team uma senhora ferramenta de treinos.

Beto de vermelho, Gui no meio e Genja ao fundo contemplando o brinquedinho novo...

Beto de vermelho, Gui no meio e Genja ao fundo durante o processo de construção e montagem do campus

O problema é que o campus board é a ferramenta mais mamilos polêmica do mundo da escalada. Tem os que adoram, tem os que odeiam. E tem o Genja que nunca vai poder usar porque nunca conseguiu ficar mais de 6 meses sem uma lesão (1/4 do requisito mínimo para treinar no brinquedo aí). Mas uma coisa é unanimidade: o campus tem um potencial enorme de destruição de dedos, cotovelos e ombros.

Beto no trampo mór de colocar a estrutura em seu devido lugar

Beto e Gui no trampo mór de colocar a estrutura em seu devido lugar

Frente a sérias ameaças de defecação na minha porta (medo!), alguns aspectos chave do treinamento em campus board (CB) precisam ser esclarecidos. Não, esse artigo não é pra mostrar treinos legais de CB. Material sobre isso tem a rodo pela internet (vou colocar alguns links no final do texto). Esse artigo é para apresentar alguns princípios que, se seguidos, vão evitar que você se estropie (ou seria estropeie) na nossa querida dama de ferro.

Talvez esse texto fique um pouco longo. Se você não tiver paciência para ler até o fim, você pode pular diretamente para esse ou esse.

Note que o nome Tendon's Nightmare nào é a toa...

Note que o nome Tendon’s Nightmare nào é a toa…

1- O treinamento em Campus Board não é para iniciantes

O CB foi inventado pelo grande escalador Wolfgang Güllich, que identificou o recrutamento muscular como a principal deficiência na sua escalada e desenvolveu um aparato específico para treinar isso. Nessa época ele já mandava 8c+ FR (11b BR).

Gullich

O cara!

O recrutamento muscular é o elo mais fraco da escalada de alguém do SCPT? Eu duvido muito. Logo, é mais provável que você tenha mais ganhos investindo seu tempo de treino em outras áreas. Mas isso também não quer dizer que o CB não possa ser uma ferramenta interessante.

De qualquer forma, é imprescindível uma fundação mínima de escalada já estabelecida. O treinador Eric Hörst (que escreveu os livros How to Climb 5.12 e o Traning for Climbing) recomenda um mínimo de dois anos de escalada sem histórico de lesões para se iniciar o uso do CB. Além disso, ele cita capacidades mínimas de escalar sétimo grau (brasileiro) em vias, ou mandar V4 em boulder.

Se você não atende esses critérios mínimos, tenha certeza que você tem MUITO mais a ganhar utilizando o seu tempo para escalar. Escale mais vias na CdA, monte boulders no reservatório, dê um rolê no At5. Melhore sua técnica. Conheça o Cusco, Itaqueri, Invernada, Caverninha, o Cipó, São Bento, Siurana, Rodellar, Margalef… Ah, e escale mais a vista.

2- Qualidade Primeiro, Quantidade Depois

O uso seguro do campus board requer uma técnica adequada. Ficar se lançando de qualquer jeito nas agarras é perigoso para os tendões e articulações. Deve-se evitar chegar às agarras com o cotovelo e o ombro completamente esticados, e jamais regletar.

NÃO

NÃO

Interrompa a série antes de efetuar uma repetição com técnica inadequada. É melhor uma seção com poucas repetições e técnica adequada do que uma seção com muitas repetições e técnica ruim. Quando se está treinando no campus o exercício de “escada” (laddering), a descida é importante. Contudo, é também mais difícil manter a técnica na descida. Se não for conseguir descer adequadamente, pule do campus ao chegar no topo (cuidado com a altura!!) e recomece de baixo.

Recomenda-se também treinar no CB no início do seu treino, quando se está descansado (veja bem, eu disse descansado, NÃO FRIO) , a fim de se evitar a deterioração da técnica.

3- Aquecimento/Desaquecimento e Alongamento

Treinar campus no início do seu dia de treino não significa chegar e já pular no Tendon’s Nightmare. É essencial aquecer e alongar antes do treino no campus. Dê algumas voltas no reservatório, suba algumas vias na CdA e alongue bem os membros superiores. Se dar uma volta no reservatório e fazer algumas vias na CdA (caixa d’água) já te deixa muito cansado, então o CB ainda não é pra você. Da mesma maneira, uma rotina de desaquecimento ? (warm-down) é benéfica.

4 – Saiba ouvir o seu corpo

Interrompa o treinamento ao primeiro sinal de dor. Dedos, cotovelos e ombros doloridos não são sinal de que o CB “está funcionando”. É sinal de que você esta forçando demais. Pare o treinamento, retorne de leve na próxima semana.

Fique atento a quedas contínuas no seu rendimento ao longo da sua rotina de treinos. Isso pode ser sinal de overtraining, ou seja, você não está dando tempo suficiente para o seu corpo se recuperar entre as sessões de campus. Continuar essa tendência é caminhar em direção a uma lesão.

Não treine mais de duas vezes por semana no campus, e mantenha um intervalo mínimo de 48h entre as sessões. Da mesma maneira, alterne semanas de treino com CB e semanas de treino sem CB (2 com CB e 2 semanas sem é uma boa medida inicial).

5- Trabalhe os antagonistas

Os movimentos típicos da escalada (e consequentemente do treinamento para escalada) trabalham apenas alguns grupos musculares. Beneficiamos mais os grupos que “puxam” do que os que “empurram”. Isso tende a gerar um desequilíbrio muscular nas articulações (cotovelos, ombros , punhos…) que parece facilitar o desenvolvimento de lesões. Assim, exercitar os músculos antagonistas é uma ótima maneira de prevenir lesões. Algumas indicações de exercícios podem ser encontradas aqui e no link da Steph Davis, no final desse texto.

6- Ajude a conservar o Tendon’s Nightmare

Esperamos que o campus board permaneça na caixa d’água por muito tempo, fortalecendo gerações e mais gerações do SCPT. Ajude a manter esse espaço! Um campus limpo e conservado é sinal de treino de qualidade.

Páginas interessantes sobre CB:

Metolious

Eric Hörst

Steph Davis

Vídeos interessantes sobre CB:

Sean McColl

Sonnie Trotter

Nalle Hukkataival e o 1-5-9

Wolfgang Güllich

Flannery Shay-Nemirow

Bons Treinos!

Parecendo mais um Instrumentto de tortura medieval, a Donzela de ferro promete castigar os tendões da galera!

Parecendo mais um Instrumentto de tortura medieval, a Donzela de ferro promete castigar os tendões da galera!





Aprenda a usar os pés…

8 05 2013
Essa aí é a mina do Joe Kinder e tava morando com ele na espanha. Foi ela que foi com a Daila pras Ilhas canárias fazer o vídeo que esta no blog do Genja.

Essa aí é a mina do Joe Kinder e tava morando com ele na espanha. Foi ela que foi pras Ilhas canárias fazer o vídeo sobre a Daila Ojeda. 

O Joe Kinder é um escalador americando e ficou morando 6 meses em Oliana, na espanha, o epicentro atual da escalada esportiva contemporânea. Provavelmente deve ter precisado de uma grana extra pra umas tapas ou algo do tipo e fez uma pequena série de vídeos com o intuito de melhorar o trabalho de pés de quem assiste. Não é lá tào revolucionário, um pouco porque peca bem na parte prática: “Ah é? Ta vendo essa técnica? Olha como NESSA via eu tive que usar nessa hora…” Não tem isso. Mas é legal e pra quem ta começando é interessante. Note que em um dos vídeos aparece uma sapatilha com a sola toda suja de terra. Isso é o erro de newba  “primordial” número dois, só ficando atrás de quem da seg de sapatilha. Terrível, alerta de TOC em 3…2…

Como Usar regletes com a lateral da sapatilha:

Como usar bem a sola da sapatilha em pequenas superfícies, tirando proveito da aderência da sua sapata-super-aderente

Como usar o calcanhar ou o peito do pé (em portugues usar o peito do pé pode ser chamado de tail, ou ABS)

E agora uma coisa muito útil que um iniciante pode fazer para agradar seu mestre (vulgo dono da corda)! Mas cuidado! Só se ele não tiver aqueles ropebags tipo esse aqui que não requerem que se enrole a corda… Esse tutorial ensina o jeito diferente ao que estamos habituados, porém, é super importante vc saber fazer a “mochilinha” com a própria corda!

http://vimeo.com/50618860

E pra finalizar, esta técnica pra vc que ainda não tem as moral de clipar a primera chapa, ou ela está na casa do chapéu… (Chapéu, casa do caralho né Mário Alberto?) Só Não vale ficar mal-acostumado e fazer em todas as vias que vc entrar né?

http://vimeo.com/60595182

E é isso, apareçam nas monitorias de segundas, quintas e sextas as 18hrs que esse ano elas estão muito legais, muita gente com curiosidade querendo aprender, treinando e aprendendo junto, então é muito legal: Tanto pra quem ensina saber que tem bastante gente pra ouvir o que temos a ensinar, quanto para quem aprende saber que tem mais gente na mesma situação e que eles podem se motivar mutuamente! Junte-se a eles! (a nós né Mário Alberto?)





Conselhos para Escaladores Iniciantes – Parte II

12 06 2012

Dando sequência às dicas para escaladores iniciantes, desta vez veremos 25 conselhos que todos os macacos velhos do pico conhecem (embora esqueçam alguns com frequência), que são algo como “etiqueta” da pedra, digamos.

“Sapatilha com meia de cano alto não é nada chique”

1: Saiba a diferença entre um “flash” (cadena na primeira tentativa com conhecimento prévio a respeito da via), um “a vista” (cadena na primeira tentativa sem conhecimento prévio), um redpoint (cadena em quaquer tentativa após a primeira) e um pinkpoint (cadena de via em móvel com as proteções previamente colocadas);

2: Aprenda as escalas de graduação, mas não as use o tempo todo. Ficar se gabando com as graduações gringas o tempo inteiro só te faz parecer um panaca;

3: O seu grigri NÃO é um joystick. O escalador NÃO é seu avatar pessoal. Certifique-se de que o escalador de fato pediu o seu beta antes de sair dando pitaco na escalada dos outros;

4: A menos que você esteja em uma situação perigosa, caia tentando o move. É o único jeito de manter a dignidade;

Caia tentando, mas aprenda a cair! Desse jeito não!

5: Limpe as sapatilhas antes de pisar na rocha. Os demais escaladores agradecem; (ou você vai descobrir da pior maneira possível que é a borracha que adere na rocha, e não a lama que estava na sola)

6: Não use as gírias da escalada nas conversas do dia-a-dia, especialmente com não-escaladores. “Vou te dar o beta de como chegar na minha casa”, “A equação diferencial foi o crux da prova”. Isso só vai te fazer parecer um idiota.

7: Aprenda algumas técnicas de escalada em fenda. Elas são muito úteis e podem salvar algumas cadenas.

8: Não deixe marcas de magnésio indicando a direção ou a melhor pega das agarras. Limpe-as após a escalada. Se você começar a fazer isso nas agarras de resina, você tem um problema.

9: Aprenda a fazer a “mochila de corda”, ela é bem mais útil do que você imagina.

10: Pesquise como vai ser a descida em escaladas de múltiplas cordadas. Isso evita sérias dores de cabeça.

11: Aprenda a cagar no mato. (começando por deixar tudo como se seus amigos fossem procurar logo depois pra te zuar, mas não encontrarão porque você enterrou muito bem ou levou consigo)

12: Pratique a sua clipada de rodeio antes de tentá-la em público.

Aô morena sertaneja, olá loira do sertão, deixa eu falar e me apresentar com emoção, sou vaqueiro de São Carlos, sou cowboy da paixão, o laço são meus braços e a costura é seu coração!

13: Se você encontrou a via equipada, use as costuras e deixe-as lá. Não as leve embora;

14: Não monte o top-rope nas proteções fixas no final da via. Isso acelera o seu desgaste. Monte um top com os seus equipamentos.

15: Certifique-se de que o top-rope não vai desgastar a rocha (Isso também vale para a descida de baldinho).

Essas marcas poderiam ser evitadas se não fosse usado o top-rope e a descida em baldinho.

16: Esvazie a sua cadeirinha ao escalar na resina. Você não precisa de duas fitas, cinco mosquetões, três cordins, a garrafa de nalgene e as chaves do seu carro para subir a caixa d’água da federal de top-rope.

17: Acostume-se com o fato de que sempre existirá alguém que escala melhor que você. Mas não se preocupe. Ele provavelmente será mais feio (e chiliquento);

18: Esteja contente com o processo de aprendizado na escalada. Ele ocorrerá lentamente e depende de sua humildade.

19: Por mais que as suas sapatilhas sejam confortáveis, retire-as assim que terminar de escalar. Isso evitará o seu desgaste (você reconhece facilmente um novato no pico quando o vê fazendo seg de sapatilha).

20: Lembre-se de levar a sua headlamp. Quase sempre você vai sair do pico à noite.

21: Saiba equilibrar a sua confiança com a sua competência.

22: Conheça textos importantes para o montanhismo, como a “Declaração do Tirol”, o “Manifesto da Escalada Natural”, o “To Bolt or Not to Be” e o “Pega Leve”.

23: Economize para pelo menos uma rock trip internacional na sua vida. Você não vai se arrepender.

CUMEano posando no cume da agulha M2, granito argentino!

24: Fale menos, escale mais. No final das contas, certifique-se de que você ainda está se divertindo. Essa é a parte mais importante.

25: Se você escala em São Carlos e arredores, assista os vídeos do Mundo Canibal. Caso contrário você vai boiar em 80% das piadas.





Conselhos para Escaladores Iniciantes – Parte I

5 06 2012

Ainda com a ideia de reunir informações simples e úteis para quem está começando no mundo da escalada, resolvi montar uma coletânea com pontos importantes e que parecem ser facilmente esquecidos pela maioria dos escaladores, uns nem tão iniciantes assim. Grande parte do material foi kibado desse especial da UC Magazine e desse artigo da Climbing.

Foram selecionadas dicas que vão desde questões de segurança, passando por pequenos truques que facilitam a vida na vertical e chegando, enfim, à parte preferida pela Gloria Kalil de cadeirinha: o código não falado de “etiqueta” da pedra. Como a seleção ficou muito extensa, o post foi dividido em dois. Nessa primeira parte, serão priorizadas as questões de segurança. No próximo post abordaremos os demais assuntos.

Só ressaltando, a lista de conselhos a seguir NÃO é exaustiva e NÃO substitui um bom curso de escalada. São apenas pontos corriqueiramente negligenciados por escaladores. Vamos lá:

É para o nó do seu parceiro e para as fivelas que você deve olhar. Não para o decote, como mostra a foto.

1: Realize sempre o “Partner Check” antes de iniciar a escalada. Verifique os nós e a montagem da segurança (cadeirinha, mosquetão e freio). Esse é um dos pontos mais negligenciados por escaladores “experientes”. Até a Lynn Hill já se deu mal por conta disso. Não é vergonha você avisar um escalador mais experiente que ele está prestes a escalar uma via com um nó mal feito. Na verdade é um orgulho, pois vc acaba de lhe poupar, no mínimo um grande susto, e no máximo um paletó de madeira.

2: Esteja sempre atento na seg. Fazer a segurança de alguem é muito mais do que dar e recolher corda. Mantenha-se atento ao que acontece ao arredor do escalador e lembre-se que, por mais que o papo esteja bom no pico, ele não vale a integridade do seu parceiro. E já que vai dar seg, e vai estar atento a seu parceiro, faça isso da maneira correta e use o aparelho de acordo com a indicação do fabricante, e não do jeito que vc sabe… normalmente é errado e muita gente morre todos os anos por isso.

3: Dê um nó no final da corda. Tanto para cordadas de comprimento próximo ao tamanho de sua corda, quanto para o rapel. (mas não esqueça de tirá-los da ponta quando for puxar a corda!)

Se você escala com uma corda dessas, não se preocupe em dar nó na ponta, Ao pendurar-se, você não correrá o risco de passar da ponta, pois ela vai arrebentar antes!

4: Use capacete e mantenha-se fora da zona de queda. É impossível saber quando um bloco vai rolar, uma agarra quebrar, quando você inadvertidamente vai cair com o pé na corda, virar de ponta cabeça e dar com a cabeça na parede ou quando um conquistador incauto vai acidentalmente derrubar um martelo. Isso também vale para manutenções em paredes indoor.

Muitas vezes é preciso muito mais que isso para que uma idéia nova entre na cabeça de um escalador cheio de vícios e com o ego inflado. Comece a fazer certo porque mudar depois vai ser dificil!

5: Comunique-se com o seu parceiro. Nem sempre o contanto visual é mantido durante a escalada. Às vezes, mesmo vendo o seu parceiro, é impossível ouvi-lo. É útil combinar sinais e deixar bem claras suas pretensões (se vai limpar a via, descer de baldinho, rapelar… etc) quando ainda no chão. Isso é ainda mais importante se seu parceiro é gringo. Em outras línguas não só as palavras, mas a maneira de se comunicar é diferente. Combine isso antes dele ou vc sair do chão!

6: Esteja atento quanto a posição dos mosquetões das costuras. Evite quinas e bicos de pedra. Estenda as fitas caso isso aconteça. Não esqueça de colocar os mosquetões para o lado certo.

Essa foto é pra você, novato, ver que realmente quando a gente fala que tem lado certo pra por o mosquetão na chapeleta, você deve acreditar!

7: Certifique-se de que a corda vai chegar ao chão, no rapel e quando for descer alguém de baldinho. Lembre-se que as pessoas costumam picotar as pontas das cordas com alguma frequência. Por isso o melhor é escalar com sua própria corda, e quando for comprá-la, que ja venha com uns metrinhos a mais que o tradicional das vias, para poder suportar uns picotes aí ao longo de sua vida útil.

8: Clipe corretamente a corda nas costuras. Saiba o que é back-clipping, o que é Z-Clipping e como evitá-los.

9: Evite que a corda fique por trás da sua perna quando estiver guiando. Quedas perigosas e queimaduras de corda podem resultar disso. Exemplos práticos podem ser vistos nesse e nesse vídeo. Na dúvida, deixe a corda passando no peito do pé. 

10: Verifique sempre o estado de conservação dos seus equipamentos. Eles são itens de segurança e são de sua responsabilidade. Se não confiar em algum deles, é sinal de que já passou da hora de aposentá-lo. Além do mais, equipamentos novos são muito mais bonitos e muitas vezes apresentam novas tecnologias e itens de segurança que já vem “original de fábrica”.

11: Não confie cegamente nas proteções fixas. Elas foram construídas e colocadas por seres humanos como você, e são passíveis de falhas. Tenha sempre isso em mente. Chapeletas podem enferrujar, amassar, trincar, e tudo isso sem que você esteja vendo! Na parede, quem tem dois pontos, na verdade tem um e quem tem um não tem nenhum!

Se você ver uma chapeleta neste estado nos picos de escalada perto de onde você mora, então está na hora de VOCÊ começar a dar manutenção nas vias, se informar, aprender como isso funciona, porque se chegou a este ponto quer dizer que ninguém mais irá fazê-lo!

12: Nunca desça alguém de baldinho diretamente de uma fita ou cordim. O atrito entre uma corda tensionada e um material têxtil pode ocasionar rompimentos com consequências catastróficas. Além do mais, o ponto de fusão do nylon é 245°C, (e o Dyneema é 145°C – Se você não sabe a diferença, leia aqui) e essa temperatura pode ser alcançada facilmente durante um “baldinho”.

13: Saiba como abandonar com segurança uma via antes de terminá-la. O tempo pode virar, uma colmeia de abelhas pode ter se instalado naquela agarra gigante, ou você pode simplesmente não conseguir isolar o move. Tenha sempre um cordim (e saiba como fechá-lo) ou uma malha rápida na sua cadeirinha.

14: Não carregue nenhum equipamento que você não saiba utilizar (sim, eu sei, isso estava no último post, mas é importante). Quando for fazer a segurança de alguém, utilize o freio que você saiba manusear melhor.

15: Aprenda a volta do fiel e a meia-volta do fiel. Não aprenda somente a fazê-los, saiba como e em que situações utilizá-los. Eles são incrivelmente úteis quando você esquece ou deixa cair seus equipamentos chiques. As pessoas os usavam antes porque eles funcionam. Aprenda a fazê-los do jeito tradicional, mas também aprenda a fazê-los com uma mão só. Isso é muito importante, na hora do perrengue você vai desejar ter muita prática para realizá-los.

A 30m do chão não é lugar de dizer “Ai putaquepariu como é que era mesmo?”